O conflito na Faixa de Gaza chega a dois anos com números alarmantes: mais de 67 mil mortos, cidades em ruínas e uma crise diplomática sem precedentes para Israel.
Mesmo com negociações em andamento, analistas afirmam que Tel Aviv levará anos para reconstruir tanto sua imagem (no caso, reptação) quanto a estabilidade regional.
Escala humana e mortalidade
Relatórios da ONU indicam que, em aproximadamente 731 dias de guerra, mais de 67 mil palestinos perderam a vida e outros 169 mil ficaram feridos. Entre as vítimas estão centenas de trabalhadores humanitários, incluindo 376 funcionários da própria ONU. Tragicamente, mais de 2,3 mil civis morreram em meio à busca por alimentos durante as operações de ajuda humanitária. Em algumas regiões, como Deir al-Balah e Khan Younis, toda a população enfrenta níveis críticos de fome.
Desnutrição infantil e impacto sobre crianças
Quase um terço das crianças da Cidade de Gaza apresenta sinais de desnutrição severa, e 11,9 % delas sofrem privação alimentar grave. De acordo com o Comitê Internacional de Resgate (IRC), 1 em cada 3 crianças menores passou um dia inteiro sem comer nas últimas 24 horas. Além disso, cerca de 4 mil crianças tiveram membros amputados desde o início do conflito, consolidando Gaza como um dos lugares com maior número proporcional de amputações infantis no mundo. Pelo menos 147 mortes infantis foram atribuídas diretamente à fome e à falta de cuidados médicos.
Deslocamento forçado e zonas militarizadas
Mais de 82 % da Faixa de Gaza encontra-se sob ordens de evacuação ou transformada em zona de combate. Estima-se que 1,1 milhão de pessoas tenham sido obrigadas a abandonar suas casas desde o colapso do último cessar-fogo. A desorganização urbana e a destruição de abrigos agravam o sofrimento da população, que vive exposta à fome, doenças e ausência de saneamento básico.
Isolamento diplomático e reputação de Israel
O isolamento de Israel se tornou evidente na Assembleia Geral da ONU, quando Benjamin Netanyahu foi recebido com vaias e esvaziamento do plenário. A União Europeia estuda aplicar sanções econômicas, inclusive a suspensão de acordos de livre comércio. Atualmente, mais de 70 % dos países-membros da ONU já reconhecem oficialmente a Palestina como Estado, o que simboliza uma derrota moral e diplomática significativa para Tel Aviv.
Acusações legais e processos internacionais
Israel responde a denúncias de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em cortes internacionais. O Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) e o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiram mandados de prisão contra Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant. Essas ações, ainda que lentas, reforçam o desgaste global da imagem israelense e alimentam pressões políticas internas e externas.
Negociações de cessar-fogo e impasses
Uma proposta dos Estados Unidos prevê a libertação dos 48 reféns ainda sob controle do Hamas — sendo 20 com vida — em troca da soltura de 250 prisioneiros palestinos condenados e 1.700 detidos em Israel. O plano inclui também a desmilitarização gradual de Gaza e a criação de um “Conselho da Paz” para administração temporária. O Hamas, porém, rejeita as cláusulas sobre desarmamento e exige garantias de reconstrução antes de qualquer retirada militar.
Desafios de reconstrução e legado duradouro
Mesmo que o cessar-fogo seja firmado, analistas estimam que a reconstrução de Gaza leve décadas. Hospitais, escolas, usinas e sistemas de abastecimento foram praticamente dizimados. Israel, por sua vez, enfrenta um abalo reputacional profundo e crescente isolamento econômico. Especialistas apontam que a guerra deixará uma marca permanente na política internacional, expondo falhas diplomáticas e humanitárias que redefinirão o Oriente Médio nas próximas décadas.
Fonte (Referência das Informações): SBT News — Guerra na Faixa de Gaza completa 2 anos com mais de 67 mil mortos e Israel isolado (link original)

