Em meio às vastas paisagens do Cerrado, um método ancestral tem chamado atenção: o uso do fogo para evitar incêndios de grandes proporções.
Em vez de destruição, o fogo se torna ferramenta de proteção ambiental nas mãos de quilombolas e agentes comunitários do Jalapão, em Tocantins. Essa prática, conhecida como “queima prescrita”, ajuda a preservar o ecossistema e reduzir danos causados por queimadas descontroladas.
Tradicional, mas eficaz: o fogo como aliado da natureza
O uso controlado do fogo é uma prática antiga, passada entre gerações de moradores do Cerrado. Segundo informações da BBC News Brasil, essa técnica é planejada com base no clima, na direção do vento e na umidade do solo. Assim, os agentes conseguem eliminar o excesso de vegetação seca e impedir que o fogo avance de forma desordenada. Para os especialistas, a experiência local é tão importante quanto o conhecimento técnico.
O papel das comunidades quilombolas no Jalapão
As comunidades quilombolas do Jalapão têm sido fundamentais nesse trabalho de manejo do fogo. Moradores dessas áreas se organizam em grupos e, com apoio de órgãos ambientais, monitoram as regiões mais propensas a incêndios. Essa união entre tradição e ciência transformou o modo como o Cerrado é protegido, valorizando o saber popular e promovendo inclusão social na conservação ambiental.
O conceito de “fogo terapêutico”
Os moradores chamam a técnica de “fogo terapêutico”. A expressão traduz o efeito de cura e equilíbrio que o uso controlado do fogo traz para a vegetação local. Ao eliminar o material inflamável acumulado durante o período seco, a queima prescrita restaura o solo e permite o renascimento das plantas nativas. Pesquisadores consideram o método uma alternativa sustentável às ações de combate tradicional.
Redução de incêndios de grande escala
Dados de órgãos ambientais mostram que áreas onde o fogo controlado é aplicado registram queda significativa no número de incêndios florestais. No Jalapão, as equipes de manejo têm conseguido reduzir as queimadas de larga escala e proteger espécies ameaçadas de extinção. Segundo a BBC News Brasil, o resultado é fruto de uma gestão conjunta entre governo e comunidades locais.
Planejamento e monitoramento constante
Antes de qualquer queima, as equipes realizam estudos sobre a direção do vento, a temperatura e a umidade. Também são usados equipamentos de segurança e ferramentas de comunicação via rádio. Essa preparação permite que o fogo seja controlado com precisão, sem colocar em risco áreas sensíveis ou moradias próximas. Cada ação é acompanhada por técnicos ambientais e líderes comunitários.
Fogo e ciência: parceria pela preservação
O manejo integrado do fogo no Cerrado é resultado de um esforço coletivo entre comunidades, universidades e órgãos ambientais. Pesquisadores têm analisado o impacto positivo das queimadas prescritas, comprovando que o método ajuda na regeneração da vegetação e no equilíbrio do solo. Essa troca de saberes reforça que o conhecimento científico e o tradicional podem caminhar lado a lado.
O desafio de mudar a percepção social
Apesar dos resultados positivos, o uso do fogo ainda enfrenta resistência de parte da população. Muitos associam as queimadas à destruição e não à prevenção. Por isso, campanhas educativas buscam explicar que o fogo, quando usado corretamente, pode salvar florestas inteiras. A conscientização pública é essencial para que o manejo controlado seja reconhecido como ferramenta ambiental legítima.
O Cerrado como laboratório vivo de sustentabilidade
O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do país e abriga uma das maiores biodiversidades do mundo. As experiências no Jalapão mostram que soluções sustentáveis podem nascer do diálogo entre ciência, cultura e tradição. O fogo, quando entendido como parte natural do ecossistema, deixa de ser vilão e passa a ser aliado da vida.
Referência: BBC News Brasil – https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1wle9w09evo

