Levando a sério o risco de conflagração com Rússia, a Polônia tem acelerado seu programa de rearmamento e se movimenta para assumir o papel de potência militar europeia mais relevante dentro da OTAN.
Algo que, em solo brasileiro, pode soar como filme de ficção, mas que, nos bastidores diplomáticos, já é tratado como cenário possível. Segundo levantamento recente, o país planeja encomendar centenas de tanques, foguetes e caças avançados para garantir uma defesa ativa — não apenas preventiva — à sua fronteira oriental.
Memória histórica motivando um novo foco em defesa
Desde que a invasão da Ucrânia pela Rússia teve início, a Polônia tem visto a necessidade de uma postura mais agressiva em termos de segurança. O país carrega, como ressalta o analista Simon Diggins, uma “memória coletiva de resistência” que molda suas decisões atuais. Esse passado torna-se combustível para a retórica de que se trata de “quando”, não “se”, haverá um confronto maior com a Rússia. A estratégica escolha por se tornar linha de frente da OTAN foi, portanto, influenciada por esse pano de fundo histórico.
Investimentos militares disparados desde 2022
Logo após o conflito russo-ucraniano ganhar força, Varsóvia elevou drasticamente seus gastos em defesa. Programas de aquisição e modernização foram acelerados. Segundo os dados, o país possui hoje mais de 200 mil soldados ativos, conta com seis divisões mecanizadas e planeja expansão ainda maior. :contentReference[oaicite:6]{index=6} Esse movimento é visto como mais do que simbólico — trata-se de mudança estrutural do aparato militar polonês.
Compras estrangeiras de grande porte: tanques, foguetes e caças
Entre as aquisições internacionais anunciadas, destacam-se: 336 tanques Abrams (EUA), 1.000 tanques K2 (Coreia do Sul), 500 sistemas de foguetes HIMARS, 288 lançadores Chunmoo, 48 caças FA-50, 32 jatos F-35 de última geração, 96 helicópteros Apache e seis baterias antiaéreas Patriot. Com isso, a Polônia busca ultrapassar países tradicionalmente mais fortes, como Alemanha, França e Reino Unido, em capacidade de fogo terrestre — algo que, no plano político, gera certo incômodo entre aliados.
Reativação da produção nacional de armas
Além de depender de importações, Varsóvia investe no aumento da produção interna de armamentos. Fábricas que permaneciam ociosas ou operavam em menor escala desde a Guerra Fria foram reativadas e ampliadas. “As fábricas estão produzindo tanques, mísseis e munições em um ritmo que a Europa não via há décadas”, comenta Diggins. Esse impulso industrial é interpretado como tentativa de reduzir dependência externa e garantir autonomia em caso de crise prolongada.
Desafios logísticos da Rússia e vantagem de velocidade polonesa
Embora a Rússia ainda tenha número superior de tropas, suas forças estariam dispersas por um enorme território e enfrentando dificuldades logísticas para um deslocamento rápido em massa até a fronteira polonesa. Já a Polônia aposta — e investe — em “velocidade como arma”. No cenário geopolítico brasileiro, isso levanta uma questão: se a OTAN reconhece publicamente essa preparação, qual será o papel de países como o Brasil diante de uma escalada militar no Leste Europeu?
Implicações para a OTAN, Europa e o “efeito Brasil”
Essa transformação militar da Polônia mexe com o tabuleiro europeu e, indiretamente, reverbera fora: o Brasil, ainda que distante geograficamente, assiste à mudança de alinhamentos e à possibilidade de uma nova Guerra Fria em fase prática. A ascensão polonesa à categoria de “potência europeia da OTAN” pode alterar mapas de cooperação, exportação de armamento, direção de investimentos e até políticas de defesa regionais — inclusive para os países da América do Sul. Esse deslocamento estratégico merece atenção, porque o mundo não será mais o mesmo.
Fonte (Referência das Informações): R7 – noticias.r7.com/internacional/tanques-foguetes-cacas-como-a-polonia-se-prepara-para-a-terceira-guerra-mundial-06112025-2/

