Depois de reportagem da G1 revelar dezenas de vídeos no TikTok de meninas que se apresentam como “casadas aos 14 anos”, a plataforma derrubou hashtags relacionadas.
Também foram excluídos parte dos perfis envolvidos – embora outras variações ainda permaneçam ativas. A ação evidencia a urgência de controlar conteúdos que banalizam uniões precoces e potencializam violações de direitos humanos.
O que motivou a ação da plataforma
A investigação da G1 identificou um volume expressivo de vídeos marcados com #casadaaos14, #casadaaos15 e similares, em que meninas — muitas possivelmente menores — exibiam rotina doméstica, mencionavam “marido” ou até anunciavam gravidez precoce. Estas publicações alcançaram grande visibilidade e geraram alertas sobre a romantização do casamento infantil na internet.
Resposta do TikTok e as exclusões realizadas
Após a repercussão da reportagem, o TikTok declarou que os conteúdos violavam suas Diretrizes da Comunidade e removeu as hashtags principais, bem como vários vídeos e contas identificadas como parte da rede. Mesmo com a exclusão, contudo, nem todas as variações foram alcançadas — o que deixa brechas para que o fenômeno persista em outras formas de busca.
Limitações da moderação e riscos persistentes
Especialistas alertam que a remoção pontual é insuficiente. Para elas, a simples repressão de palavras-chave não barrará conteúdos estruturados para burlar filtros, como variações com grafias diferentes ou novas hashtags. Além disso, o problema é mais profundo: trata-se de um tipo de conteúdo que normaliza a adultização de adolescentes e retrata uniões ilegais como escolhas “românticas”.
Dados oficiais e contexto social por trás do problema
Embora o casamento infantil seja ilegal no Brasil — a união formal não é válida para menores de 16 anos, mesmo com consentimento parental — os dados apontam que milhares de crianças e adolescentes já viviam em união conjugal em 2022. O uso massivo das redes sociais para exibir “rotinas de dona de casa” desde a adolescência revela vulnerabilidades profundas: pobreza, evasão escolar, desigualdade de gênero e a naturalização de práticas que ferem direitos humanos.
Porque a mídia e a sociedade devem manter o alerta
O recuo do TikTok demonstra que a pressão da imprensa e da opinião pública tem efeito — mas não resolve o problema por completo. Cabe à mídia, às plataformas e à sociedade manter vigilância constante sobre conteúdos que normalizam violações. A atenção deve se voltar às novas hashtags e aos novos formatos de conteúdo. A luta contra o casamento infantil exige persistência — e responsabilidade de todos que formam a rede social brasileira.
Fontes: G1 (“#casadaaos14: após reportagem, TikTok remove parte de hashtags e vídeos sobre casamento infantil”), e levantamento complementar de veículos de mídia que repercutiram o caso.

