O presidente venezuelano Nicolás Maduro enviou ao Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) uma proposta bastante polêmica.
A possível medida abriria caminho para retirar a nacionalidade de cidadãos que, segundo o governo, “venderem a pátria” ao alinharem-se aos Estados Unidos. O anúncio ocorre em meio a uma escalada de tensões diplomáticas e militares entre Caracas e Washington — e lança uma sombra polêmica sobre os limites da cidadania e da liberdade de expressão em uma Venezuela que, para muitos, já foi acusada de autoritarismo.
Uma manobra jurídica com som de intimidação
Durante evento em Caracas, Maduro alegou que agentes que “se juntam a um exército estrangeiro imperialista para invadir a Venezuela” devem ter sua documentação anulada “de acordo com a lei e a Constituição”. A acusação lança dúvidas sobre o grau de liberdade individual no país: até que ponto o governo pode determinar que apoio externo seja motivo para perda de cidadania — e onde isso termina, se não for apenas um instrumento de intimidação política?
Escalada com os Estados Unidos: fundo de tensão ou pretexto?
O pronunciamento de Maduro aparece logo após o Donald Trump autorizar operações “letais” da Central Intelligence Agency (CIA) dentro da Venezuela, conforme reportado por Caracas. O governo venezuelano afirma que Washington prepara uma “bandeira falsa” para justificar uma invasão — uma narrativa que pode servir tanto como alerta legítimo quanto como mecanismo para reforçar o discurso interno de “inimigo externo”. A dúvida permanece: trata-se de real risco ou de artifício político?
Acusações internas e o risco à oposição
Em suas declarações, Maduro acusou ainda o opositor Eduardo Leopoldo López Mendoza de fomentar a invasão norte-americana. Já emitido um alerta vermelho pela justiça venezuelana contra ele, o caso evidencia como a retórica de segurança nacional pode ser utilizada contra adversários. Nesse contexto, resta questionar: a medida de retirada de cidadania visa proteger a soberania ou reforçar um regime sob críticas por cercear liberdades básicas?
Repercussão internacional e os limites do Estado-nação
O movimento de Maduro ressoa além da Venezuela, levantando preocupações sobre a expansão do conceito de cidadania como instrumento de controle estatal. Enquanto alguns defendem que estados têm o direito de proteger sua integridade, outros alertam para o caminho perigoso de classificar apoio externo como traição, e punir cidadãos com a perda de nacionalidade. A controvérsia permaneceu — até onde um governo pode legislar a identidade de seu povo sem cruzar o limiar da arbitrariedade?
Fonte (Referência das Informações): Metrópoles — “Venezuela: Maduro ameaça com perda de cidadania quem apoiar os EUA” (via metropoles.com.br)

