baluartv.com.br | O jovem que dedica horas por dia recuperando notas de dinheiro danificadas em Gaza

O jovem que dedica horas por dia recuperando notas de dinheiro danificadas em Gaza

Em um mercado agitado na Cidade de Gaza, um jovem repara cédulas antigas e rasgadas para mantê-las em circulação.

Em meio ao colapso financeiro causado pela guerra e pela falta de dinheiro vivo, a atividade tornou-se um propósito de utilidade, desvio de foco e uma forma alternativa de relacionamento interpessoal.

Um trabalho improvisado que virou necessidade

Baraa Abu al-Aoun deveria estar cursando a universidade, porém montou uma pequena mesa na rua para restaurar notas usadas. Ele cobra valores baixos e atende moradores que dependem de dinheiro físico. A demanda cresceu rapidamente com a crise econômica instaurada pelo conflito.

A guerra interrompeu o fluxo de dinheiro vivo

Depois dos ataques do Hamas em 2023 e da forte ofensiva israelense, Israel suspendeu a entrada de notas em Gaza. Além disso, a maioria dos bancos foi destruída ou saqueada. Algumas agências reabriram após o cessar-fogo, contudo nenhum caixa eletrônico voltou a funcionar.

Comissões e carteiras digitais ganharam espaço

A população precisa de dinheiro para sobreviver, porém quase não há cédulas disponíveis. Muitos dependem de cambistas que cobram comissões altas para converter transferências digitais em dinheiro vivo. Isso aumentou o uso de carteiras eletrônicas e aplicativos de pagamento, hoje amplamente utilizados para compras básicas.

Economia em ruínas e pobreza generalizada

Relatórios da ONU indicam que toda a população de Gaza foi empurrada para a pobreza. Quatro em cada cinco moradores estão desempregados. Mesmo quem recebe salários ou ajuda financeira enfrenta dificuldades extremas para acessar dinheiro vivo. A falta de fluxo bancário afeta toda a cadeia comercial.

Bancos destruídos e saques ampliaram o caos financeiro

No início da guerra, ataques israelenses atingiram bancos suspeitos de ligação com o Hamas. Cofres foram saqueados por grupos armados. A Autoridade Monetária Palestina estima que mais de US$ 180 milhões foram roubados. Israel confirma que impede a entrada de dinheiro vivo devido ao risco de uso militar pelo Hamas.

Filas longas e serviços bancários limitados

Algumas agências reabriram, porém funcionam com capacidade mínima. Os moradores enfrentam filas enormes apenas para reativar contas ou acessar serviços digitais. Muitos viajam longas distâncias e, apesar disso, não conseguem atendimento. Diversas famílias pagam comissões elevadas para obter dinheiro físico, sem alternativas reais.

Ajuda digital se tornou essencial para milhares de famílias

A Autoridade Monetária Palestina lançou sistemas de pagamento instantâneo entre contas locais. O Banco da Palestina já distribuiu mais de 500 mil carteiras digitais. Organizações como Unicef e Programa Mundial de Alimentos enviam ajuda diretamente a aparelhos celulares. As compras priorizam alimentos, água, higiene e eletricidade.

Preços extremos e sobrevivência diária

Relatos mostram famílias pagando valores muito altos por alimentos básicos. Tomates e cebolas chegam a preços inacessíveis para a maior parte da população. Mesmo com ajuda financeira, muitos não conseguem comprar frutas, ovos ou carne. A inflação atinge todos os setores e compromete a segurança alimentar.

A esperança de reconstrução e a falta de garantias

Um plano econômico dos Estados Unidos promete investimentos e modernização futura para Gaza, porém não apresenta detalhes imediatos. O conflito criou a pior crise econômica já registrada na região. Enquanto isso, a população mantém rotinas improvisadas e tenta preservar dignidade em meio à destruição.

O trabalho de Baraa como símbolo de resistência

No mercado, Baraa segura cada nota contra a luz com precisão e dedicação. Sua placa promete reparos profissionais sem o uso de fita adesiva. Ele sonha com o fim definitivo da guerra para retomar os estudos e construir uma carreira. Para ele, os moradores de Gaza vivem apenas para sobreviver, sem perspectivas reais.

Fonte (Referência): BBC News Brasil – https://www.bbc.com/portuguese/articles/crk7nzn70lgo

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