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Setembro Amarelo: causa importante ou “vitrine vazia”?

Setembro Amarelo marca um momento de atenção à saúde mental e prevenção do suicídio — mas será que somente esse mês basta para evitar casos, estigmas e silêncios?

Especialistas apontam avanços concretos, críticas legítimas e a necessidade de ir além do marketing. Afinal, esta área serve para divulgação e visibilidade. Porém isso precisa sair da teoria e da divulgação e partir para a prática.

Origem, objetivos e impactos iniciais

Criado em 2015 por iniciativa do CVV, Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo visa alertar sobre suicídio e fomentar a busca por ajuda. A campanha permitiu ampliar a visibilidade do problema, reforçar sinais de alerta públicos e contribuir para quebrar silêncios em diversas esferas.

Avanços na conscientização e reunião de redes de apoio

Fontes oficiais apontam que o Setembro Amarelo fortaleceu redes de acolhimento, como o CVV (telefone 188 e demais canais), e estimulou entidades públicas e privadas a inserir protocolos de saúde mental, formações em escolas e suporte em ambientes de trabalho. A Cartilha “Informando para Prevenir”, da ABP/CFM, demonstra que 96,8% dos casos de suicídio registrados têm associação histórica com doenças mentais tratáveis. Isso reforça que conscientização pode ajudar na identificação precoce.

Críticas: limites e efeitos pouco visíveis em médias e mortes

Apesar das ações de visibilidade, estudos científicos mostram que, até hoje, a redução das mortes por suicídio em segmentos específicos (como idosos ou regiões menos assistidas) é incipiente ou inexistente. Por exemplo, em estudo para população idosa no Sudeste do Brasil de 2011-2022, não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre a campanha e diminuição das taxas de suicídio nessa faixa etária. Também há argumentos de que, apesar de mais visibilidade em setembro, muitos “momentos amarelos” ficam restritos a postagens visuais, eventos simbólicos e comunicação superficial, sem investimentos permanentes em saúde mental, acesso a tratamento e suporte psicológico.

Boas práticas e recomendações internacionais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) já publicaram diretrizes para como a mídia deve abordar o suicídio. Elas consistem em evitar descrever métodos, não sensacionalizar, divulgar serviços de ajuda e narrar histórias de superação. Essas recomendações ajudam a evitar o efeito “contágio” que pode surgir com cobertura imprópria. Também programas como o mental health first aid culturalmente adaptados ao Brasil demonstram melhor recepção. quando há envolvimento da comunidade, treinamento local e continuidade dos apoios.

Setembro Amarelo: o que precisa mudar para ser mais que um símbolo

Para que a campanha deixe de ser percebida apenas como evento anual e se torne ferramenta eficaz, especialistas defendem:

  • continuidade de ações fora de setembro, com estrutura permanente de suporte psicológico;
  • alocação orçamentária consistente;
  • políticas públicas que promovam inclusão social, acesso efetivo a tratamentos e atenção à desigualdade de acesso mental;
  • comunicação responsável e padronizada segundo guias técnicos da OMS/ABP/CFM;
  • medição de impacto e transparência nos resultados.

Serviço de ajuda
Se você está em crise ou pensando em suicídio, ligue para o CVV – 188, disponível 24h por dia, gratuitamente em todo o Brasil. Você não está sozinho.

Fontes:

  • SetembroAmarelo.com.br
  • Ministério da Saúde / Portal Siass / Fundacentro (relatos de ações de saúde mental)
  • Estudo científico “Associações entre campanha brasileira de conscientização sobre suicídio e tendências de suicídio”, INPD e CISM
  • WHO / OPAS
  • Estudo para população idosa do Sudeste do Brasil (2011-2022) sobre taxas de suicídio

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