A mais alta corte americana se prepara para avaliar decisões que podem redefinir os limites do poder executivo de Donald Trump.
Estão em jogo disputas envolvendo tarifas impostas por decreto, a prerrogativa de remover diretores de agências e eventuais cortes no sistema de regulação econômica — medidas que, segundo críticos, desafiam o papel do Congresso.
Contexto jurídico e expectativas
Desde que Trump assumiu poder novamente, tem-se observado um uso frequente de decretos presidenciais para impor políticas econômicas e regulatórias sem aprovação legislativa. Agora, a Suprema Corte deverá decidir se essas iniciativas extrapolam os poderes constitucionais do Executivo. Observadores apontam que o caso será um teste de até onde pode ir a autoridade presidencial em matéria econômica.
Tarifas impostas por decreto em análise
Um dos casos centrais envolve tarifas globais impostas através da lei de emergência — especificamente o International Emergency Economic Powers Act (IEEPA) — sem o aval direto do Congresso. Cortes inferiores já consideraram parte dessas tarifas ilegais, e a Corte Suprema foi instada a revisar essas decisões.
Remoção de dirigentes de agências independentes
Outra disputa envolve o poder do presidente de demitir diretores de agências regulatórias ou independentes sem motivo justificado. A controvérsia questiona se Trump pode, por decreto, substituir membros dessas entidades livremente, algo que até hoje era limitado por precedentes jurídicos.
A doutrina das “questões maiores” (major questions)
Um princípio jurídico que deve ser usado é a “major questions doctrine” — segundo a qual, se uma medida do Executivo lidar com temas de enorme impacto econômico ou político, ela precisa de autorização clara do Congresso. Críticos argumentam que Trump tem recorrido a decretos para tratar justamente dessas “questões maiores”, o que exigiria transparência legislativa.
Possível impacto nas tarifas e na política comercial
Se a Corte validar poderes amplos ao Executivo, isso poderá legitimar tarifas impostas unilateralmente e estimular novas disputas comerciais internacionais. Se ela reverter as decisões, várias tarifas já arrecadadas poderão ser questionadas judicialmente, com implicações econômicas profundas.
Repercussões políticas e divisão institucional
Decisões da Suprema Corte sobre o tema poderão inflamar o debate entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Partidários do limite ao Executivo defendem que a Constituição obriga o Congresso a controlar grandes mudanças econômicas; apoiadores de maior poder presidencial sustentam que o presidente precisa de flexibilidade para agir diante de crises econômicas.
Cenário para o veredicto e previsões futuras
Processos correlatos já foram concedidos à corte para análise acelerada, e espera-se que os argumentos orais ocorram nos próximos meses. Analistas estimam que as decisões devem sair em 2026, e que poderão restringir ou confirmar a legitimidade de parte das ações econômicas de Trump, definindo um novo patamar para futuros presidentes.
Fontes: BBC News Brasil (texto-base), SCOTUSblog, análise sobre IEEPA e debate jurídico norte-americano

